03/04/2013 - Autor: Fabiano Ávila -
Fonte: Instituto CarbonoBrasil
Relatório afirma que a imensa maioria das políticas para o
suprimento de alimentos são destinadas a aumentar a produção nas zonas rurais e
que os pobres em áreas urbanas estão tendo cada vez mais dificuldade para
comprar comida
Segundo o Banco Mundial, os preços dos alimentos estão muito
perto de seu pico máximo histórico, o que para as pessoas mais pobres, que
gastam boa parte de seu orçamento em comida, significa que está bastante pesado
manter sua família bem nutrida. Muitas políticas internacionais e nacionais já
existem para tentar minimizar esse problema, mas para o Instituto Internacional
para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (IIED) elas falham porque estão muito
concentradas em apenas aumentar a produção e não em como trazer esses alimentos
de forma mais barata para os habitantes das cidades.
“A segurança alimentar está de volta à agenda graças ao
aumento dos preços e a ameaça que as mudanças climáticas representam para a
produção agrícola. Mas políticas focadas apenas na produção rural não
resolverão o problema de insegurança alimentar nas áreas urbanas. Precisamos de
políticas que melhorem as condições de acesso à comida das pessoas mais pobres,
especialmente nas cidades”, afirmou Cecilia Tacoli, autora do novo relatório do
IIED sobre o tema.
O documento destaca a relação entre a baixa renda das
comunidades com a segurança alimentar. Como a compra de comida já ocupa boa
parte do orçamento, qualquer aumento de preço é imediatamente sentido. Assim,
qualquer interrupção na produção, transporte ou armazenamento de alimentos,
seja causada pelo clima ou não, tem um grande impacto na qualidade de vida das
bilhões de pessoas que vivem nos bolsões de pobreza das cidades.
“A jornada que a comida faz desde o produtor rural até o
consumidor urbano envolve muitos passos. Ela precisa percorrer sistemas formais
e informais para ser distribuída, armazenada e vendida. Cada um desses passos é
um ponto de vulnerabilidade diante das mudanças climáticas. Para os
consumidores, isso significa aumentos súbitos de preços”, explicou Tacoli.
Segundo o relatório, comunidades urbanas carentes também
sofrem com a falta de espaço e condições apropriadas para armazenar comida, o
que faz com que o pouco que conseguem comprar acabe se estragando rapidamente.
Assim, é praticamente impossível pensar atualmente em políticas de alertas
sobre secas e enchentes com o objetivo de fazer essas pessoas estocarem
alimentos.
Para piorar, as áreas pobres das grandes cidades são
justamente localizadas nas regiões mais vulneráveis climaticamente, como
encostas de morros. Dessa forma, é comum que as pessoas percam tudo a cada novo
evento extremo e fiquem cada vez mais sem acesso à alimentação.
O relatório recomenda que os governos encarem esses desafios
e criem políticas que protejam os mais pobres das áreas urbanas da insegurança
alimentar. Investir em infraestrutura e dar acesso a todos aos mercados formais
de venda de alimentos seriam as principais medidas a serem feitas.
“As mudanças climáticas podem exacerbar os desafios
enfrentados pelos mais pobres nas nossas cidades. Legisladores precisam tem um
melhor entendimento do que significa ser pobre em uma centro urbano”, concluiu
Tacoli.
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