O
Brasil, apesar de possuir água e comida em abundância, uma economia sólida e
ser politicamente estável, está deixando a sua população em uma situação muito
perigosa em caso de eventos climáticos extremos. Isto por causa de sua fraca
infraestrutura, da falta de investimentos públicos e privados, da corrupção e
do crescimento desordenado das cidades.
Esta
é a conclusão que se pode tirar do GAIN Index 2012, um ranking criado pelo
Instituto de Adaptação Global (GAIN, em inglês) que classificou 176 países
conforme sua resiliência às mudanças climáticas. Desta lista, o Brasil aparece
em 58o no geral, sendo que ficou 47o em vulnerabilidade e apenas em 71o em
prontidão.
O
resultado mediano em vulnerabilidade reflete as qualidades naturais do país,
como grandes bacias hidrográficas, gigantesca produção de alimentos e estar
localizado em uma região que não é passagem tradicional dos piores eventos
climáticos, como furacões. Se apenas isso fosse levado em conta, o Brasil
estaria entre os menos vulneráveis. Porém, também são analisadas questões de
infraestrutura e urbanização, é aí que a situação se complica.
O
histórico de décadas de crescimento desordenado das cidades deixam os
brasileiros, especialmente os mais pobres, mais vulneráveis do que deveriam
estar. Ocupação de encostas são um problema em diversas partes do país e a cada
ano novas tragédias acontecem para nos lembrar disso.
No
quesito de prontidão, são analisados a economia, os dados sociais e a
governança. Mesmo com sua grande economia, a sexta maior do planeta, o Brasil
aparece muito mal na classificação por causa da fraca atuação do governo. Pouco
ainda se pensa em mudanças climáticas e não se investe o suficiente em ações de
adaptação e de defesa civil. Fatores como corrupção e o pequeno engajamento do
setor privado também pesam.
Entretanto,
a avaliação final do GAIN é de que o Brasil possui boas condições para realizar
ações de mitigação e adaptação, inclusive sem depender da ajuda internacional.
Desde
que começou a ser divulgado o ranking, em 1995, o Brasil tem flutuado entre as
posições 57 a 70. No ano passado, o país ficou em 63º.
Segundo
o GAIN, as dez nações mais resilientes do mundo são: Dinamarca, Suíça,
Austrália, Noruega, Reino Unido, Nova Zelândia, Irlanda, Finlândia, Países
Baixos e Suécia.
A
posição final no ranking é estabelecida após o cálculo de sua prontidão menos o
valor designado para a sua vulnerabilidade.
Assim, mesmo países localizados em áreas de risco podem estar melhor no
índice porque já possuem políticas de adaptação.
O
presidente do GAIN chama a atenção para a realidade das mudanças climáticas,
cujos efeitos já são sentidos por todo o planeta.
“Nos
últimos anos estamos vendo pessoas sofrendo, companhias sendo fechadas e postos
de trabalhos sendo perdidos por causa de eventos climáticos. Da Tailândia até
os Estados Unidos, as mudanças climáticas são uma ameça para a vida e para a
economia”, afirmou Juan José Daboub.
A
entidade aponta alguns exemplos de como o clima fora do comum prejudicou
milhares de pessoas nos últimos anos.
No
fim de 2011, uma enchente sem precedentes na Tailândia matou mais de 700
pessoas, resultou no fechamento de 800 fábricas e provocou a demissão de 450
mil trabalhadores, o que teve impactos nos preços de equipamentos para
computador no mercado internacional. Outras enchentes semelhantes também
causaram mortes e destruição nas Filipinas e no Paquistão. Já na Austrália e
nos Estados Unidos o problema foi a seca, que elevou os preços dos alimentos em
todo o planeta.
Aqui
no Brasil, enchentes e deslizamentos se repetem a cada verão resultando em
centenas de mortes. Agora, em 2012, o país registrou as mais altas temperaturas
já vistas no mês de outubro e está atravessando o ano mais seco desde 1929, com
grandes impactos econômicos e para a geração de energia.
“Podemos
somar nesta lista de eventos extremos recentes o furacão Sandy. A maior
tempestade a atingir a região de Nova York na história deve causar prejuízos de
mais de US$ 20 bilhões”, declarou
Daboub.
Os
números mais recentes sobre os impactos do Sandy apontam para 74 mortos e a
possibilidade de uma queda do crescimento econômico dos EUA no último trimestre
de 2012 dos previstos 1,6% para até 1%.
Imagem: Enchente no
Paquistão em 2010 deixou mais de seis milhões de desabrigados / Oxfam.
01/11/2012
Fonte: Instituto Carbono Brasil, <http://www.institutocarbonobrasil.org.br/mudancas_climaticas1/noticia=732287>
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