segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Logística inova reação a desastre natural



 RAUL JUSTE LORES, EDITOR DE MERCADO;
AGNALDO BRITO DE SÃO PAULO.


No Rio de Janeiro, já faltam até sacos para recolher cadáveres, mas a logística humanitária tem se desenvolvido muito pelo mundo, empregando modelos utilizados pelas empresas privadas de logística.

O conhecimento utilizado após grandes catástrofes como o tsunami asiático, o furacão Katrina e o terremoto no Haiti produziu lições que estão sendo estudadas em todo o mundo.

Cursos superiores e multidisciplinares sobre defesa civil se tornam populares em universidades americanas e asiáticas. Arquitetos e urbanistas estudam materiais resistentes à água e ao fogo, e fazem projetos de reconstrução que evitem futuros desastres. Várias dessas lições podem servir de exemplo ao Brasil:

PADRÃO DE EMERGÊNCIA

O projeto Esfera, estabelecido após o genocídio de Ruanda, criou padrões de base para a ajuda. Cada vítima necessita entre 7,5 e 15 litros de água para beber, cozinhar e lavar e 2.100 calorias por dia, mas 3,5 m<ht>2<ns> de abrigo.

Uma instituição católica na República Dominicana, que sempre responde a tragédias, compra barras de granola, sardinhas em lata e creme de amendoim, ricos em proteína, não perecíveis e de fácil transporte.

PAPELÃO E NEGÓCIO

O arquiteto japonês Shigeru Ban, voluntário no terremoto de Kobe (1995), desenvolveu tendas, escolas e clínicas que não oferecem risco de novo desabamento.

Na moldura das construções, tubos de papelão recicláveis são reforçados e preparados à prova d'água e resistentes ao fogo, o piso é de espuma e o teto é feito com madeira compensada, revestido de isolante.

As tendas foram usadas após o tsunami no Sudeste Asiático, em 2004. Companhias japonesas com fábricas na China produziram mais de 50 mil.

SOFTWARE E BOLSAS

Depois de vender para a UPS sua empresa de transportes, presente em 120 países e com 10 mil funcionários, por US$ 500 milhões, o americano Lynn Fritz, 63, criou o Instituto Fritz, consultoria que emprega seus conhecimentos em armazenagem e distribuição.

·         Ele desenvolveu programas de computação que ensina logística a ONGs;
·         Criou uma conferência anual que reúne especialistas para discutir os últimos desastres;
·         Oferece bolsas de estudo em universidades americanas que estudam resposta a tragédias. Microsoft, Intel e Philips colaboram com Fritz.

POSTOS AVANÇADOS

Próximos a áreas onde desastres acontecem com freqüência, são instalados pólos logísticos com pessoal treinado, armazenamento para remédios, tendas e material de resgate.

A Federação Internacional da Cruz Vermelha criou pólos logísticos em Dubai e Kuala Lampur, com boa comunicação e onde alfândega e burocracia funcionam bem.

A "Cidade Humanitária Internacional", em Dubai, inclusive, é uma área com isenção de taxas e impostos.

Essa logística reduziu os custos da Cruz Vermelha com uma família em risco de US$ 740 para US$ 185.

GPS

Após o terremoto do Haiti, no ano passado, a ONG britânica Map Action usou GPS e imagens de satélite e Google Maps para localizar desabrigados, checar que ruas ou estradas estavam bloqueadas ou pontes que desmoronaram _facilita a busca e evita desperdício de tempo.

CONTRATO COM VAREJO

A Cruz Vermelha assinou contratos com empresas de transporte e grandes redes varejistas para a realização de compras emergenciais com preço preestabelecidos, evitando desperdício de tempo com negociações. Há encomendas periódicas de redes contra mosquito fabricadas no Vietnã e utensílios de cozinha e de higiene made in China.


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